Beijos e conversas tête-à-tête são tudo de bom. Mas, não raro, são nessas ocasiões que se proliferam doenças em que o agente transmissor pode ser a saliva. Embora se saiba que esse fluido tem fundamental importância na mastigação e deglutição, facilitando a digestão, protegendo a boca contra bactérias e contribuindo para a limpeza dos dentes, se estiver contaminado por vírus, bactérias ou fungos, pode desencadear infecções contagiosas.

Uma delas é o herpes simples (vírus HSV) – pequenas lesões no canto da boca, lábios e língua, com bolhas avermelhadas ou amareladas. A prescrição de antivirais costuma resolver o problema. Lembrando que este  vírus permanece latente no organismo. Basta baixar a imunidade que ele se manifesta novamente. 

A candidíase oral, popularmente conhecida como “sapinho”, também se manifesta na boca e é comum em idosos que não fazem a higienização adequada dos dentes ou mesmo da prótese dentária no seu dia-a-dia. Os sintomas são manchas ou placas esbranquiçadas na língua e na mucosa da boca, que devem ser tratadas com antifúngicos. (Não confundir com “saburra”, muco da saliva e resíduos de alimentos que se depositam na superfície da língua, causando o mau hálito. Neste caso uma boa higiene bucal costuma eliminar o problema).

A saliva é um forte meio de contágio também entre as doenças do sistema respiratório, como gripes, resfriados e influenza. Coriza, secreções, espirros, tosse são sintomas que devem ser observados e, assim, evitar o contato muito próximo com pessoas infectadas.

No entanto, a falta de saliva provoca a “boca seca” (xerostomia), um quadro frequente observado em pessoas idosas, seja por desidratação, quimioterapia, dormir de boca aberta, ou mesmo pelo uso de medicamentos. O mercado dispõe de sprays com saliva artificial, que ajudam a umidificar o interior da boca, trazendo conforto ao paciente.

Por outro lado, há pessoas com excesso de saliva e que “babam” (sialorreia), tendo dificuldade de engolir, em decorrência de sequelas de AVC, Alzheimer, Parkinson em estágios avançados e portadores de paralisia cerebral. Nesse caso, é muito importante que os cuidadores adotem medidas xerostômicas, utilizando sugadores para retirar o excesso de líquido, evitando a broncoaspiração, o que pode causar pneumonia. Ressalta-se que essa patologia pode ser beneficiada com aplicações do Botox® nas glândulas salivares, alcançando ainda efeitos mais satisfatórios e duradouros quando combinadas com reabilitação fonoaudiológica.

Alguns cuidados práticos do dia-a-dia são fundamentais para manter a saúde bucal em bom estado. Confira:

– Se perceber que a pessoa tem alguma ferida na boca, afta, ou mesmo se estiver resfriada, evite beijar.

– Não fale muito próximo de pessoas gripadas e com secreções para não se contaminar com as gotículas de saliva expelidas durante a conversa.

– Lave sempre as mãos com água e sabão e não coloque as mãos no rosto e principalmente na boca para que os micro-organismos não se espalhem.

– Aplique álcool-gel nas mãos para esterilizá-las.

– Não compartilhe utensílios de uso pessoal (toalhas, copos, talheres e travesseiros).

– As máscaras de proteção podem ser utilizadas, caso haja contato com pessoas infectadas.

– Evite permanecer muito tempo em locais fechados ou com grandes aglomerações.

Os cuidadores de idosos devem ficar atentos ao perceberem os primeiros sinais de que há algo diferente na boca ou na língua da pessoa atendida e comunicar à família para a necessidade de procurar um especialista em Estomatologia (especialidade da Medicina direcionada para o tratamento de lesões da mucosa oral), ou o seu dentista, para iniciar o tratamento apropriado.

Não dê medicamentos sem a orientação médica. E lembre-se que manter a saúde bucal em dia, muitas doenças podem ser evitadas.