Ele é forte, alto, de fala mansa e suave, carregada de sotaque de quem chegou ao Brasil há 17 anos, vindo da República Democrática do Congo, país da África Central. Gelson Florentino Rocha, ou simplesmente Gel, 36 anos, é fisioterapeuta com especialização em UTI pediátrica pela UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo), mas com enorme talento para cuidar de pessoas de qualquer idade. Isso porque, antes de ser profissional, com todo o embasamento técnico e científico aprendido nos bancos escolares, é um humanista. “Eu entro no mundo da pessoa e não da doença”, diz o tímido congolês ao explicar como conduz o seu trabalho de fisioterapeuta, nessa abordagem humanizada, levando em conta aspectos emocionais, psicológicos e sociais no processo de reabilitação.
O atendimento à pessoa idosa é um grande desafio para Gel. “O primeiro passo é quebrar a barreira entre o profissional e o paciente, passar confiança, mostrar que é um amigo que chegou, dar um abraço, sentar com ele e estar pronto para ouvir o seu emocional. Muitos deles são responsivos, sorriem, têm reflexos e aí se inicia uma conversa entre amigos”.A família e a equipe de cuidadores têm papel fundamental nessa linha de trabalho humanizado. São eles que fornecem importantes informações sobre o paciente: do que ele gosta, das músicas preferidas, do perfume que usa, do time que torce, do dia de seu aniversário e outras peculiaridades que só favorecem essa relação acolhedora e empática.
É comum os cuidadores e familiares relatarem que o paciente espera ansiosamente a chegada de Gel, pois ele sabe que vai sair da cama, vai ouvir música, vai se vestir e se perfumar para passear, ir ao mercado. “Sair à rua, ao ar livre, ativa as suas lembranças e ajuda muito a melhorar a sua qualidade de vida”, justifica o fisioterapeuta.
A Fisioterapia Humanizada trata o paciente como um ser único, com procedimentos personalizados, de acordo com a condição de saúde apresentada, e incentiva a sua autonomia e independência, valorizando-o e tornando a reabilitação mais agradável e menos estressante. Sob esse aspecto, onde a empatia fala mais alto, os resultados clínicos também se mostram mais efetivos e satisfatórios.
Gelson trabalha com fisioterapia motora e respiratória, em atendimento domiciliar e hospitalar.
E para a agenda do dia, apenas um lembrete: “Gel, não se atrase, que o próximo paciente lhe espera ansioso!”