O cuidador é aquele que zela pela saúde, segurança e bem-estar da pessoa idosa nos seus vários graus de complexidade e dependência, muitas vezes substituindo o familiar que não dispõe de tempo e nem preparo adequado para lidar com essa função. Por isso, a ética profissional é fundamental na condução de seu trabalho.

 O atendimento à pessoa assistida requer respeito, qualidade, conhecimento técnico e humano, dignidade, segurança, responsabilidade e comprometimento. Todos esses aspectos devem se estender também ao núcleo familiar,  tendo em vista que o cuidador passa grande parte de seu tempo na residência do idoso, convivendo no dia-a-dia com os seus familiares (pais, cônjuge, filhos, parentes próximos, amigos). Quem lida com idosos enfermos e dependentes de cuidados especiais precisa manter uma relação saudável e harmoniosa com a família do paciente para que esse atendimento resulte satisfatoriamente.

Aqui estão os mais importantes princípios éticos que devem orientar a prática dos cuidadores de idosos:

1. Respeito à Dignidade Humana

Os cuidadores devem tratar os idosos com respeito, reconhecendo o seu valor como seres humanos, independentemente de suas condições físicas ou mentais. Lembre-se que esse idoso já foi jovem um dia e, com o avanço da idade,  não dispõe mais da flexibilidade da juventude; seus movimentos e reflexos são mais lentos, a visão e a audição já se mostram comprometidas e que se tornou uma pessoa mais frágil e vulnerável. Paciência, afetividade, delicadeza e empatia são condições essenciais para cuidar da pessoa idosa.

2. Autonomia

Respeitar a autonomia dos idosos é crucial. Sempre que possível, os cuidadores devem permitir que os idosos participem nas decisões sobre seus próprios cuidados e rotinas diárias. Se o idoso não apresenta problemas na área cognitiva, ele pode perfeitamente  escolher o que gostaria de fazer.  A autonomia estimula as funções cerebrais e gera autoestima. Esteja ao lado da pessoa assistida e a incentive, caso ela consiga desempenhar sozinha algumas atividades (pentear o cabelo, vestir-se,  ler, escrever, rezar, cantar, cuidar do jardim, aguar as plantas etc.).

3. Organização

Os cuidadores devem agir no melhor interesse dos idosos, buscando promover seu bem-estar e prevenir danos. A isso inclui a capacidade de organização: administração adequada de medicamentos, cumprindo rigorosamente as dosagens e os horários prescritos pelo médico; zelar para que o espaço onde convive seja seguro, limpo, livre de impedimentos e organizado a fim de beneficiar a sua saúde física e mental, além de facilitar o monitoramento da rotina.

4. Confidencialidade

Manter a privacidade dos idosos é essencial. Informações pessoais e médicas devem ser tratadas com confidencialidade, compartilhadas apenas com profissionais de saúde ou familiares autorizados. O cuidador deve manter também uma atitude muito discreta frente aos assuntos discutidos entre os familiares, sem qualquer envolvimento pessoal.

5. Justiça

Os cuidadores devem tratar todos os idosos de maneira justa, sem qualquer tipo de discriminação baseada em idade, gênero, raça, orientação sexual, status econômico ou condição de saúde. O preconceito contra a pessoa idosa, denominado de idadismo, etarismo ou ageísmo,   é crime e deve ser combatido.

6. Competência e Formação Contínua

Os cuidadores devem possuir as competências necessárias para realizar suas funções e buscar constantemente atualizações e formações contínuas para melhorar suas habilidades e conhecimentos. É muito importante ficar atento às novidades do setor que possam contribuir para o desenvolvimento profissional. Inscreva-se em cursos de reciclagem, congressos, palestras,  leia livros e artigos sobre o envelhecimento, assista filmes e vídeos que focam na longevidade saudável. Muitas feiras do setor da saúde lançam produtos e equipamentos para facilitar o dia-a-dia da pessoa idosa. Visite esses eventos.

7. Empatia e Compaixão

Demonstrar empatia e compaixão é vital no cuidado de idosos. Entender e responder às necessidades emocionais e psicológicas dos idosos é tão importante quanto atender às necessidades físicas. Muitas vezes os idosos não têm voz ativa e são ignorados. Ser cuidador é optar por uma profissão humanizada, onde se doa amor e carinho, e recebe, em troca, sabedoria e experiência de vida.

8. Comunicação

Manter uma comunicação clara e aberta com os idosos, suas famílias e outros profissionais de saúde é essencial para um cuidado eficaz. Isso inclui ouvir ativamente os idosos e explicar procedimentos e rotinas de forma compreensível. Relatar com frequência aos familiares ou responsáveis pelo idoso as atividades desenvolvidas, as percepções do dia a dia e qualquer eventual anomalia observada na sua rotina. Estar atento às mudanças físicas e comportamentais do idoso, pois muitas vezes, dependendo do grau de complexidade apresentada, a pessoa não consegue verbalizar o que sente.

9. Responsabilidade e Integridade

Os cuidadores devem agir com responsabilidade e integridade, cumprindo seus deveres de forma ética e honesta. Isso inclui relatar qualquer forma de abuso, negligência ou mau comportamento observado no ambiente onde vive a pessoa idosa. E prestar muita atenção em alguns sinais: falta de apetite, muita sede (sintoma do diabetes descompensado), intestino preso, inchaços, cor da urina, febre, qualidade do sono (se está dormindo muito ou pouco), agitação, agressividade etc.

10. Autocuidado

Assim como o idoso assistido, o cuidador  também precisa investir na sua qualidade de vida para não adoecer. Cuidar de si mesmo é também responsabilidade ética dos cuidadores. Manter a saúde física e emocional permite que o cuidador preste um melhor serviço aos idosos sob sua responsabilidade. Os momentos de folga são para relaxar e fazer o que gostam: dançar, sair com os amigos, ler, cuidar do lar, da família, ouvir uma boa música, estar perto da natureza, ou simplesmente, descansar. Usar o tempo livre com sabedoria ajuda muito a  recuperar as energias e ganhar fôlego para a próxima jornada.

Seguindo esses princípios éticos, os cuidadores de idosos podem proporcionar um cuidado que respeita e valoriza a pessoa idosa, promovendo seu bem-estar e qualidade de vida.